sábado, 1 de janeiro de 2011

Verdades sobre a tentação

"Nos deparamos diariamente com
oportunidades para fazer o mal."
Um diabético abre a geladeira e dá de cara com um delicioso pudim de leite. Um homem mal casado se depara com o generoso decote de uma colega de trabalho que vive se insinuando. Um cidadão endividado encontra uma bolsa com 30 mil reais. Sabe o que estas pessoas têm em comum? Se você pensou: "sorte", se enganou. Eles estão sendo tentados. A questão é que nos deparamos diariamente com oportunidades para fazer o mal. E o fato de sermos cristãos não nos torna imunes a isso.

A maioria dos cristãos que conheço nutre uma expectativa errada em relação a Deus e às tentações. Eles gostariam que Deus banisse de vez Satanás, que sempre nos prepara armadilhas; ou erradicasse a nossa natureza pecaminosa, que inclina todo o nosso ser para o erro; ou simplesmente nos desviasse de situações que nos impelem para o pecado. Mas a Bíblia e a experiência mostram que Deus não age assim. Pelo contrário, a Escritura diz que as tentações a que somos submetidos têm um papel fundamental em nosso desenvolvimento espiritual. Em algumas circunstâncias, as tentações testam nossa lealdade; em outras, elas desenvolvem nossa lealdade; e, de modo geral, todas as tentações revelam a inabalável lealdade de Deus.

Um dos episódios mais emblemáticos na biografia de Jesus Cristo é a tentação do deserto. A Bíblia diz que, logo após ser batizado por seu primo João, o Senhor foi conduzido pelo Espírito ao deserto, onde foi tentado pelo Diabo ao longo de 40 dias. Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas descrevem, cada um a seu modo, o célebre embate entre Cristo e Satanás. A maravilhosa história da vitória do nosso Mestre sobre a tentação nos ensina algumas verdades importantes sobre esta luta diária de cada crente.

A primeira verdade é que ninguém está imune à tentação. Se o próprio Filho de Deus encarnado foi tentado pelo Diabo, não há nenhuma razão para que esperemos ser poupados das tentações. Aliás, todos os grandes personagens bíblicos foram tentados. Abraão, Moisés, Sansão, Davi, Jonas, Pedro, Paulo e todos os demais servos de Deus de que a Bíblia fala lutaram com tentações.

A segunda verdade é que ser tentado não é pecado. Perdi a conta de quantas vezes fui procurado por cristãos que se sentiam culpados por serem tentados. Mas se a Bíblia diz que Jesus "como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado" (Hebreus 4.15), é porque ninguém deve ser condenado por sentir-se tentado.

A terceira verdade é que nenhuma tentação é irresistível. Geralmente desculpamos nossos erros dizendo que não havia outra saída naquele momento, a não ser pecar. Jesus enfrentou a tentação como um homem que estava faminto, fisicamente fraco e fragilizado pela solidão do deserto. E venceu. Paulo diz que Deus "não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar" (1Coríntios 10.13). Podem existir, sim, inúmeros fatores que expliquem porque nos sentimos tentados a pecar, mas nenhum deles justifica o fato de termos pecado.

A quarta verdade é que somos tentados em nossas necessidades. Jesus tinha fome. Por isso, numa das tentações do deserto, o Diabo sugeriu que Jesus usasse seu poder para transformar pedras em pães. Quais as suas necessidades? Você sabia que é neste campo que Satanás irá investir contra você? Se você se sente afetivamente carente, desvalorizado no trabalho, preocupado com uma prova da faculdade, se está endividado, etc., você será tentado exatamente nestas áreas.

Por último, a quinta verdade é que Deus recompensa quem não cede à tentação. Depois que Jesus resistiu às tentações do deserto, "o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram" (Mateus 4.11). Paulo diz que nós não podemos nos deixar enganar. Se plantarmos o pecado, colheremos a destruição. Por outro lado, se plantarmos a obediência e a justiça, colheremos a vida eterna (cf. Gálatas 6.7-9). Resistir à tentação não é optar pela infelicidade, não é escolher a pior parte, não é desistir do prazer. Pelo contrário, dizer "não" ao Diabo é potencializar ao máximo a nossa alegria. É adiar o prazer. É escolher entre dois prazeres: o de fazer o que queremos e o de fazer o que devemos, sabendo que o segundo prazer é muito superior ao primeiro. Resistir à tentação é esperar em Deus. É rejeitar a oferta miserável do Diabo, para receber das mãos de Deus um bem muito mais precioso. Resistir é declarar que não nos contentamos com nada menos do que aquilo que Deus tem para nos dar - do jeito de Deus e no tempo de Deus.

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