sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Universitários cristãos em perigo


"Um pouco de ciência nos afasta
de Deus. Muito, nos aproxima."
Louis Pasteur
Por que tantos cristãos abandonam a fé quando entram na universidade? Esta é uma das maiores preocupações dos pais cristãos - cujos filhos estão entrando nesta fase - e dos pastores que trabalham com jovens e adolescentes.

O ambiente universitário é repleto de oportunidades tanto para o bem como para o mal. Há, na universidade, uma variada fonte de pressões que podem fazer da vida de um calouro um verdadeiro caos. Em se tratando de jovens cristãos, ocorre um inevitável choque cultural, já que os valores que norteiam basicamente toda atividade universitária (seja acadêmica ou social) colocam-se em franca oposição aos valores sustentados no ambiente da igreja e dos lares cristãos.

A primeira fonte de pressão que um adolescente sofre é a emocional. Como se não bastassem todos os fatores psicológicos, sociais e físicos que envolvem esta fase da vida, ao ingressar na universidade, o adolescente abandona o ambiente acolhedor e protetor da família e das instituições de ensino médio, e é arremessado numa atmosfera que o obriga a cuidar de si mesmo, de suas atividades acadêmicas, de seu desempenho nos processos de avaliação, de sua integração com os demais alunos e do acesso às informações disponibilizadas pela universidade. A única maneira de amenizar os males que esta pressão exerce sobre sua vida é cercar-se de conselheiros que amam a Deus e que se importam em agradá-lo em todas as áreas da vida. Tais conselheiros podem ser encontrados na família, na sua igreja de origem, numa igreja próxima e no próprio campus da universidade.

A segunda fonte de pressão é a espiritual. A grande (e inconveniente) verdade é que a maioria dos adolescentes que professam a fé cristã ainda não passou por uma experiência pessoal de conversão, antes de entrar na universidade. De modo geral, eles simplesmente adotaram a fé dos pais, mas nunca enxergaram a si mesmos como pecadores, perdidos e que necessitam desesperadamente de um relacionamento íntimo e pessoal com um Deus que os ama incondicionalmente e perdoa continuamente. E a única maneira de lidar com esse quadro é compreender que uma das principais missões de um ministério com jovens e adolescentes ainda é a evangelização de crentes, a apresentação clara do plano da salvação, a discussão sobre a condição eterna de cada um e os males do cristianismo puramente nominal e do religiosismo vazio que permeiam as igrejas cristãs modernas.

A terceira fonte de pressão a que os cristãos são submetidos na universidade é a intelectual. "Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima." Esta frase é atribuída a Louis Pasteur, o cientista francês do século XIX, cujas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina. É fato! Ser iniciado cientificamente num ambiente completamente secularizado, ou seja, onde Deus é desprezado, pode abalar a fé insipiente de um jovem cristão. Atualmente, a fé em Deus é ridicularizada em quase todas as áreas do saber exploradas no ambiente acadêmico, onde a descrença, o relativismo moral e o materialismo filosófico são prevalentes. A melhor estratégia para prevenir a apostasia nesta fase é a igreja levar os adolescentes a refletir sobre questões fundamentais, como: a inspiração e a autoridade da Escritura, o verdadeiro papel da ciência na construção do saber e a razão por trás dos mandamentos bíblicos, habilitando os jovens a desenvolver uma visão crítica do mundo e da cultura à sua volta e apresentando a ele uma contracultura e um contra-discurso cristãos.

A quarta fonte de pressão é a social. A adolescência é a fase da vida em que mais nos preocupamos com o modo como as pessoas nos veem. Ansiamos por aceitação, aprovação e amor. Queremos nos sentir parte do grupo. Por isso, os colegas de faculdade exercem tanta influência sobre nossas crenças e nossa conduta. Somos facilmente induzidos a fazer aquilo que a maioria da turma parece aprovar e a evitar comportamentos que eles reprovam ou desprezam. Relacionamentos são importantes para a formação do caráter. Relacionar-se é exercer e sofrer influências interpessoais que modificam nossa visão de mundo e, consequentemente, nosso estilo de vida. Não é sem razão que a Bíblia chama de "feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!" (Salmo 1.1). Quando só ouvimos a opinião de quem não ouve a opinião de Deus, só nos cercamos de pessoas que fazem o que Ele reprova e não nos incomodamos quando Ele vira motivo de piada em nossa roda de amigos, estamos muito próximos de abandonar a fé. Tal ameaça previne-se com o fortalecimento de relacionamentos cristãos saudáveis, sinceros e abençoadores, centrados na Palavra, arbitrados pelo amor e orientados para a glória de Deus. Calouros cristãos não podem deixar de congregar. Se mudarem de cidade ou estado, devem filiar-se a uma igreja local. Devem manter contato, mesmo à distância, com sua igreja de origem (email, redes sociais, celular, Skype e chat são boas ferramentas para isso). Os calouros também devem se aproximar dos professores e colegas cristãos com quem convivem na universidade. Quando esta rede de relacionamentos é devidamente fortalecida, torna-se mais fácil resistir à pressão do grupo e preservar a fé.

Por último, a quinta fonte de pressão que os universitários cristãos enfrentam é a moral. Para muitos dos calouros cristãos, a universidade vai proporcionar o primeiro contato ou acesso fácil às drogas, à promiscuidade, e a baladas e eventos movidos a álcool. A falta de maturidade e de uma compreensão adequada das razões por trás de cada orientação moral das Escrituras fazem com que os adolescentes cristãos sejam muito vulneráveis às pressões que o ambiente universitário exerce sobre a conduta deles. A negligência nas disciplinas espirituais (oração, meditação, leitura bíblica, comunhão etc.), que passam a dar lugar às inúmeras atividades acadêmicas, acaba enfraquecendo as resistências morais destes jovens cristãos. Isso propicia desvios de conduta e, consequentemente, sérias deformações do próprio caráter. Em contrapartida, as únicas maneiras de fortalecer tais defesas morais são: submeter-se ao pastoreio de líderes que se constituem em bons modelos de vida cristã e que se dispõem a acompanhar os jovens em cada etapa da vida; e exercitar-se nas disciplinas espirituais, tão importantes para o aprofundamento do nosso relacionamento com Deus.

Pais e pastores de cristãos que estão na fase pré-universitária devem se preocupar em nutrir com eles relacionamentos sinceros e pautados na Verdade da Palavra. Devem se preparar para defender a esperança cristã de modo consistente, tanto bíblica como lógica e historicamente. Devem, acima de tudo, amá-los incondicionalmente - com um amor que perdoa, mas é firme; um amor que aceita, mas corrige; um amor que apóia, mas não aprova sempre.

3 comentários:

  1. Parabéns Léo. Foi direto ao ponto sem ser grosseiro. Na unção de Deus. Já estou indicando seu texto!

    Uma abraço!!!

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  2. Que interessante. Nunca imaginei que o ambiente universitário pudesse ser tão hostil! =)

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  3. Quando se entra na universidade se desenvolve capacidades cognitivas antes oprimidas pela igreja e a família. Pode-se, longe do ambiente religioso, questionar os valores obsoletos impostos pela religião. Sobretudo na fase jovem, quando os valores passam por relevante mudança. A ciências e o espaço universitário te inspiram a novas descobertas, não verdades, mas a busca incessante pelo conhecimento. Todo esse processo conflitua com a realidade intelectual da igreja que é vazia e autoritária,

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